
Nome de referência na comunicação não só no Amazonas, mas na região amazônica, o jornalista multimídia Cristóvão Nonato estreia nesta semana como escritor, com o livro “Jornalismo na Amazônia – 40 anos no ar”, que reúne 21 crônicas autobiográficas em um passeio por suas quatro décadas de atuação profissional. E o lançamento da obra, editada sob o selo da Manauara Editorial, não poderia ser em um ambiente mais oportuno, o Festival Literário de Manaus (Flim), que acontece de 26 a 28 de novembro no auditório do Parque Municipal do Idoso, no bairro Nossa Senhora das Graças.
“O tom é autobiográfico, em primeira pessoa, onde relato os projetos e vivências mais marcantes da carreira, partindo do começo de tudo, aos sete anos de idade, quando meu mestre Waldemar Lemos me mostra como funciona o rádio do seu pequeno estúdio de voz de bairro, serviço de autofalantes”, conta o autor, radialista de longa carreira com atuações marcantes como âncora no telejornalismo, consultor de imprensa e assessor de comunicação especialmente no setor público.
Cristóvão Nonato diz que seu objetivo primordial com a obra é mostrar aos estudantes de jornalismo e demais interessados a realidade de uma profissão muito dura, desafiadora, mas prazerosa e vital para a sociedade; e também contribuir para o esforço mundial de combate à desinformação e contaminação da opinião pública com as notícias falsas, as terríveis “fake news”.
As crônicas trazem relatos que, como explica, fundem o literário e o jornalístico, um toque de ficção a partir de impressões da realidade amazônida desde a infância, quando o rei dos meios de comunicação era o rádio, passando pelos períodos da faculdade, da televisão, e evoluindo para a comunicação digital multiplataformas, nos dias atuais. “Conto também os desafios das lutas e perseguições enfrentadas na jornada, seja pelos interesses dos grupos de comunicação, da política e pela defesa da ética”, pontua Nonato.
No Prefácio o professor de literatura, poeta e crítico literário Carlos Guedelha sublinha que na obra, partindo de suas reminiscências, Cristóvão Nonato recria retratos de sua formação, “de suas atuações profissionais e das múltiplas vivências que a memória vai recolhendo na linha do tempo.” E segue: “Ali estão os primeiros anos da formação do menino que viria a ser o homem, as primeiras impressões sobre a linguagem e o seu encanto, a inspiração vinda do rio e da floresta, o aprendizado junto aos mestres da comunicação, a vida universitária e suas ricas nuances, o mergulho no mundo do jornalismo e do radialismo e as descobertas sobre o poder, com sua fascinação e intrigas.”
O jornalista Arnoldo Santos fez a Apresentação da obra e ressalta que o livro é uma rica e complexa história da Amazônia, “com um foco especial na evolução das rádios e na cultura que floresceu ao longo das décadas”. E afirma: “Cristóvão não foi só testemunha ocular da história. Ele foi personagem dela, com protagonismo considerável, ao ponto deste livro ser descritivo, documental, mas testemunhal também.”
Quatro fases
Os quatro capítulos englobam as décadas que vão da estreia no rádio em sua cidade-natal, Guajará-Mirim/RO, seguem pela formação universitária em Manaus, pelas experiências em outros Estados e pelo retorno à capital amazonense, na ativa entre veículos tradicionais de grandes grupos de comunicação e as assessorias de imprensa que, como define Cristóvão Nonato, “compõem um campo de trabalho vital para a sobrevivência dos jornalistas, nessa selva do jornalismo onde o jogo de interesses coloca à prova a ética profissional, a credibilidade e a consciência.”