
O tráfego pela BR-319 está estrangulado na travessia no Igapó Açú, que fica a 260 quilômetros de Manaus, no território do município de Manicoré. A descida acentuada do nível do rio vai acentuando as dificuldades no trajeto do conjunto empurrador-balsa e tornando piores as condições das rampas de barro nos dois lados. Nos últimos dias, uma sucessão de eventos acidentais provocou a formação de filas quilométricas de veículos cargueiros, principalmente no sentido em direção à capital amazonense.

“Falar da precariedade da BR-319 é até redundância, porque a situação da rodovia é conhecida por todos. Clamar por socorro também parece ser inútil, porque estamos fazendo isso há décadas e nada acontece. Mas não deixaremos nunca de gritar, de expor a situação, de exigir soluções, porque é isso que nos cabe fazer, na esperança de que algum dia alguém nos ouça”, desabafa Ray Peixoto, vice-presidente da Associação dos Amigos da BR-319, entidade que entre outras coisas faz o monitoramento das condições de trafegabilidade em tempo real, por meio de inúmeros grupos de WhatsApp.

Já Antônio Sérgio Alexandre da Silva, presidente do Sindicato dos Caminhoneiros e Carreteiros Autônomos do Amazonas (Sindiccaceam), chama a atenção para os efeitos da estiagem nos níveis dos rios da região, que prometem ficar muito mais dramáticos: “A navegabilidade está ficando crítica no rio Amazonas. A perspectiva é a pior possível, com tudo indicando que em no máximo 15 dias não será mais possível o tráfego de grandes cargueiros, que transportam acima de dois mil contêineres, até Itacoatiara. Isso obrigará o transbordo desses contêineres para embarcações menores, encarecendo fretes, atrasando entregas e tudo o mais”.
Novo apelo
Visando encontrar meios para minimizar o drama de caminhoneiros e de quem mais precisa trafegar pela rodovia, o Sindiccaceam prepara novo documento, com exposição de motivos, para entregar ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) nessa sexta-feira, 20/09, solicitando uma intervenção urgente no Igapó Açu, com máquinas e o que mais se fizer necessário para melhorar o quanto antes possível as condições da travessia na localidade.
“Não faremos nenhuma manifestação de caráter público dessa vez. Mas iremos em comissão ao DNIT para solicitar ações que entendemos necessárias e urgentíssimas para evitar que a BR-319 fique estrangulada de vez e o desabastecimento se torne uma realidade no Amazonas e Roraima”, informa Antônio Sérgio.