Shoppings, comércio e a nova era do consumo: pessimismo ou visão de futuro?

Adão Gomes – Jornalista

A pergunta que não me sai da cabeça: estou sendo pessimista ou visionário?

Com 73 anos, após uma vida observando e participando ativamente do cenário comercial, não posso deixar de me perguntar: o que está acontecendo com o consumo físico? Será que o comércio está morrendo lentamente ou está apenas se transformando diante dos nossos olhos, enquanto assistimos sem perceber? Estou apenas sendo pessimista ou há uma visão de futuro que muitos ainda não enxergaram?

Ao caminhar pelos shoppings do norte do Brasil, uma realidade intrigante se destaca: as pessoas estão lá, mas não para comprar. Elas fogem do calor, buscando refúgio no ar-condicionado, transformando os centros comerciais em espaços de socialização, não mais de consumo. Esse fenômeno que observo em Manaus se repete em outras regiões, embora por diferentes razões. Nos grandes centros urbanos, o fluxo nos shoppings também está mudando. As pessoas vão para socializar, comer, assistir a um filme ou simplesmente passear – comprar mesmo, nem tanto.

E o impacto disso já é visível. Em várias capitais brasileiras, os centros comerciais estão sofrendo uma onda de fechamento de lojas. Não é raro ver corredores inteiros com vitrines vazias, tapumes cobrindo o que antes eram vitrines coloridas e cheias de mercadorias. A mudança de comportamento do consumidor, cada vez mais inclinado às compras online, está forçando esse declínio. Afinal, quem quer perder horas no trânsito caótico das grandes cidades, lutando para achar estacionamento, quando pode comprar de casa e receber tudo em poucas horas?

Esse movimento não é mais reversível. Farmácias, supermercados e lojas de conveniência se adaptaram, oferecendo entregas rápidas e eficientes. Por apenas R$6,00, é possível receber um produto em até duas horas – e com a conveniência de nem sair de casa.

Mas isso significa o fim do comércio físico? É aqui que entra a visão que quero compartilhar: o comércio tradicional não está simplesmente morrendo, ele está se transformando. As grandes redes e os centros comerciais precisam se reinventar. A experiência é o novo produto, e as lojas precisam oferecer mais do que simplesmente mercadorias. Os shoppings estão se transformando em hubs sociais, espaços onde o consumidor busca algo além de uma transação comercial: entretenimento, gastronomia, experiências culturais e, no caso do norte do Brasil, até mesmo o alívio do calor.

A indústria e o comércio têm que se adaptar rapidamente. Não basta mais vender produtos – é preciso criar experiências imersivas que justifiquem a visita. E é aqui que a Inteligência Artificial (IA) surge como uma aliada essencial. Com ela, os centros comerciais podem usar dados para entender melhor seus clientes, oferecer ofertas personalizadas, prever comportamentos e, assim, se manter relevantes em um mundo onde o digital está cada vez mais presente.

A pergunta que faço a mim e a você, leitor, é: estamos prontos para essa mudança?

Os centros comerciais das grandes cidades enfrentarão uma realidade ainda mais desafiadora, com mais fechamentos de lojas à medida que o comportamento do consumidor muda drasticamente. Aqueles que não se adaptarem ao novo cenário podem estar de fato caminhando em direção ao “cemitério” do comércio tradicional. Contudo, há oportunidades. A era digital, junto com a IA, abre novos horizontes para quem souber se reinventar e oferecer experiências únicas.

Então, qual caminho o comércio irá escolher? Caminhar para a extinção ou se reinventar com base em experiências e tecnologia?

Os que compreenderem essa nova dinâmica terão um papel crucial no futuro do varejo. Os que resistirem à mudança… bem, esses podem estar condenados a assistir de longe o renascimento do comércio em uma nova era.

Ao final pergunto:

Essa narrativa é um convite à reflexão, uma provocação sobre o futuro do varejo e nossa capacidade de adaptação às novas dinâmicas. O comércio está mudando, e com ele, surgem oportunidades para aqueles que ousarem inovar.

Rádio Encanto do Rio